Andréa, eu não quero ver o Dyogo mexendo em minhas pedrinhas. Olha só, cada uma tem seu lugar aqui e não vou gostar nada disto. Falou muito séria uma fada, em um sonho que tive quando o Dyogo, meu filho do meio tinha 2 meses. A fadinha estava aqui na frente da casa do sítio, numa época que nem sonhava em vir morar aqui.
Meu filho cresceu, está com 11 anos, e na última sexta brigou muito sério, da forma séria que as crianças brigam, com seu irmão por estar usando uma calça dele. Não pela calça. Nos bolsos haviam pedrinhas e ele ia misturar tudo. Eram pedras da sorte. Não me lembro de algum dia meu filho não juntar pedras e não brigar pelas coisas justas, no ponto de vista dele. Está sob a energia de Xangô.
Já meu pequeno ,o Syrus, é distraido por natureza, se magoa facilmente quando chega a prestar alguma atenção em quem lhe chama à razão. Trouxe do mato e guarda em seu quarto uma madeira que lembra um arco. Um dia diz que vai fazer flecchas para ele. É um pequeno Oxóssi. Foi da boca dele que também ouvi um grande ensinamento esta semana, eu e uma amiga. Ela estava muito triste. Ele percebeu a tristeza disfarçada e falou: acho legal o jeito das filhas de Yansã, é divertido as vezes. O que eu não acho legal é filhas de Oxum agirem como filhas de Yansã, isso vai contra a natureza. Filhas de Yansã são filhas de Yansã. Filhas de Oxum são filhas de Oxum.
Todas as crianças são capazes de nos passar mensagens, por sua pureza. Esta minha amiga, sem ele saber , realmente é filha de Oxum e andava triste querendo empunhar uma espada ,quando na verdade sua resposta estava no espelho.Talvez estejamos tão embrenhados na mata de nossos pensamentos que não consigamos mais ler nossos próprios símbolos.
Nossa vida é ler ,interpretar e produzir símbolos. A escrita e a fala são símbolos. Eu creio que deveríamos estudar semiótica desde pequenos, na escola mesmo, mas com um linguajar mais acessível. Na umbanda , simplificando bem, a assinatura de distinção das entidades é o ponto riscado.
Em pontos de exu na maioria das vezes você identifica tridentes, por exemplo. Nada tem a ver com a figura demoníaca constituida a partir da Idade Média pela Santa Igreja Católica. O tridente é um símbolo milenar atribuído a Poseidon, deus dos mares e a princípio é o elemento que possibilita a pesca e a fartura de alimentos. Na religião hindu, logo depois, foi usado como arma de Shiva, representando a criação ,o ser e a destruição, ou a possibilidade de comunicar o passado, presente e futuro. Ainda sobre exus ,um dos símbolos que depois, e confio nisto, que acabar esta guerra no Rio de Janeiro terá o significado de proteção será o da caveira: morte e prisão para quem merece, proteção ao trabalhador.
Talvez um dos símbolos mais antigos seja o da flecha. Ele está representado nas divindades gregas Apolo e Artemis.Na Umbanda brasileira a linha dos caboclos, seja de Ogum, Oxossi ou Xangô, utilizasse em seus pontos flechas. Índios de todos os pontos do mundo sabem a máxima: uma flecha sozinha pode ser facilmente quebrada, mas num feixe delas se torna invulnerável. Portanto do Ocidente à China sabe-se que simboliza a importância da união. No mundo inteiro este símbolo é usado ,mas sua interpretação é feita conforme o contexto em que se encontra. Uma seta indicando uma direção numa rodovia, não indica logicamente a presença de índios no local. Um fato interessante que pesquisei é que o único lugar onde a flecha nunca foi usada como símbolo foi nas civilizações pré-colombianas ,onde usava-se um dardo lançado por uma funda.
Quando se mora perto da natureza e se depende dela o ser humano é obrigado a interpretar os símbolos. Pescadores sabem quando vai chover ou quando vai parar, não pelo estudo de metereologia,mas pela observação e ensinamentos passados pelas gerações. Assim como também em fazendas e sítios o pessoal da lida com animais e lavoura também sabem interpretar os sinais da natureza. Uma coisa eu sei, pois aprendi aqui: aranhas andando pelo meio da casa é um sinal de que vai esfriar, pois elas estão procurando abrigos mais quentes.
O estudar demais e seguir regras nos faz fechar nossas mentes para o novo. A Umbanda como religião ainda é uma criança pequena, a interpretação de seus símbolos e a formação deles ainda está em crescimento. Para mim, cada vez mais , como uma vez falei em meu livro- Terapia do Pensar-Editora Juruá- a captação dos elementos que correm no inconsciente coletivo pelos médiuns com ajuda das entidades, se transformarão em mensagens educacionais e de força, cada vez mais importantes para estes tempos tão tumultuados. Talvez aí esteja um ponto importante: as entidades como auxiliadores da leitura de símbolos pessoais para que cada um com seu livre-arbítrio possa construir um destino, respeitando sempre sua própria natureza. Tudo isto tem me ajudado a educar meus filhos: o meu de Xangô sempre chamo a atenção para que evite julgamentos precipitados e o meu de Oxóssi sempre procuro falar sobre notícias dos telejornais, para se ligar um pouco em nossa civilização e seus acontecimentos. Quanto ao meu filho mais velho acredito que ele seja de Ogum, pois travamos juntos batalhas importantes nesta vida, mas ainda temos que aprender a conviver melhor. Quanto a mim mesma ,tenho buscado ficar relembrando que ter um temperamento explosivo não é um atributo e sim um defeito. E como tal deve ser doutrinado.
Lembrem -se também, fadas são lindas e pequeninas, mas podem também ser mal humoradas. Tenham uma ótima semana.
Aconselho se quiserem ter um dicionário de símbolos muito bom leiam: Dicionário Ilustrado de Simbolos de Hans Biedermann - Editora Melhoramentos.
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