Dona Andréa a senhora já reparou como a gente gosta da gente mesmo? As pessoas me chocam às vezes com seus pensamentos.Esta flecha certeira veio pelo arco dos pensamentos de seo Dirceu, um taxista aqui da cidade. De fala mansa , me contou que havia levado uma senhora na casa de uma amiga. No meio do caminho , a mulher se confundiu com as ruas e falou: seo Dirceu "tamo" perdido! E ria sem parar. Conhecedor do jeito da freguesa e taxista há muito tempo por aqui, perguntou sobre algumas características desta amiga dela, que por sinal era muito parecida com a passageira, pessoa de bom humor e de bem com a vida. E pronto: seo Dirceu sabia de quem se tratava e onde morava. Porisso este taxista com um GPS filosófico afirma que nos aproximamos de quem tem características iguais as nossas simplesmente porque gostamos muito de nós mesmos, e passeou pelas memórias explicando sobre pessoas de temperamentos idênticos que conhecia.
Hoje, pelas contas da ONU, chegamos à conta de 7 bilhões de habitantes.Então , nesse momento há essa enormidade de gente pensando em como pode ser mais feliz. A menina que nasceu hoje sabe , instintivamente, que a felicidade dela está na mãe. Quem está doente , projeta sua esperança de cura nos remédios, nos médicos e no Divino. Quem está sozinho, molda um par perfeito para caminharem de mãos dadas. E cada um destes sete bilhões de seres na busca de algo que os complete.
Nós médiuns de Umbanda temos a grata satisfação de interagirmos com inteligências diversas das nossas. As entidades que recebemos, logicamente, tem a ver com nosso nível vibracional, mas não as escolhemos. A natureza é tão perfeita que agrega energias para trabalhar com mais eficácia. Esta junção de inteligências escolhidas pela natureza do que realmente somos é uma manifestação Divina que nos leva a um ponto muito importante, se nos ativermos à entrega em prol da fé, do amor e da caridade.
A Umbanda não funcionaria como uma religião de consolo e cura se usássemos somente nossos dons individuais. Há um escritor chamado Clive Staples Lewis , conhecido pela maioria pelo livro Crônicas de Nárnia, que diz o seguinte: " Deus só pode mostrar-se como realmente é a homens reais. E isto significa não apenas a homens que sejam individualmente bons, mas a homens reunidos num só corpo, que se amem uns aos outros, que se ajudem uns aos outros e mostrem Deus uns aos outros." Portanto é na entrega à incorporação, no exercício da tentativa de sermos a cada gira um pouco mais humildes, que interagiremos com mais clareza com as entidades que atuam em nossa religião e permitiremos, tanto a nós, como a todas as energias que nos circundam e aos que buscam ajuda uma visão mais clara do Divino.
Quando alguém vem buscar ajuda e se senta em frente à qualquer entidade ali se misturam muitas energias. Sentimos o que a entidade sente, as nossas próprias idéias sobre o problema e as do consulente, além da energia do cambone. Naquele momento somos um elo de uma corrente maior que é a própria gira. Se fosse possível fotografar somente a energia, com certeza teríamos a reprodução quase que exata, no meu entender, de fotos como esta que postei de uma galáxia.
Estar na Umbanda é exercer o amor. Porque atendemos pessoas desconhecidas e abraçamos a dor de estranhos ao nosso dia-a-dia. Talvez nosso maior passo em direção à verdadeira caridade é entender uma outra frase deste mesmo autor que citei acima: "Você não tem uma alma. Você é uma alma. Você tem um corpo." Por vezes somos impulsionados por nossos egos que se inflam nos sucessos e esvaziam nossa felicidade nos fracassos. Quando se trata de energia e de todo um movimento da natureza, não há como qualificar sucessos e fracassos, simplesmente porque não temos uma visão completa. Independente do que possamos supor sobre os reais resultados, o importante é estarmos sempre dispostos à entrega e à felicidade de fazermos parte de uma energia maior.