quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Os Donos da Espada

Imagem intuitiva do Cab. Akuan feita pelo médium Jimmy do Terreiro do Pai Maneco

Um grande amigo escreve-me sobre o último texto e faz a seguinte colocação: nós dois não somos filhos de Oxóssi, mas não devemos nada a nenhum filho dele. Abençoada seja esta pessoa. Senti o tilintar das espadas e as engrenagens do meu cérebro funcionando a mil. Hoje, graças a este estopim, gostaria de divagar um pouco sobre o tipo de inteligência das energias Orixás de Yansã e Ogum. Minhas divagações têm como base minha observação e vivência, então elas não são um “ultimato” irrevogável, antes acredito que partilhando o que me vem à cabeça tenha condições de ver de outros ângulos estas energias provenientes do Divino, e as formas de manifestar sua potencialidade.
Algumas vezes observei o caboclo Akuan, entidade de Ogum com a qual o pai Fernando trabalha.  Os caboclos de Ogum sempre me pareceram mais solitários e reflexivos com relação à vida. Numa batalha é importante defender sua posição e caminhada, mas Ogum vai além disto. Ogum comanda o elemento ferro, que não está somente nas espadas e nos aparelhos que nos rodeiam. Está e é imprescindível dentro de nós mesmos. A sua falta em nosso organismo nos debilita, esgota nossas forças e nos faz adoecer. É o ferro que dá força ao nosso sangue.
Num campo de batalha como o da gira, já vi seo Akuan vencendo grandes demandas, como também já vi este filho de Ogum indo curar os feridos de outras batalhas. E aqui talvez esteja a grande beleza do guerreiro. Os feridos em demandas pessoais ,naturais à própria vida e ao aprendizado, não podem ser deixados para trás. A energia de Ogum é dinâmica, então não pode criar raízes porque seu caminho é longo. Forjar armas para ter uma compreensão melhor da própria existência requer conhecimento e sabedoria. Ogum tem em si o dom de ensinar.  Todos os Oguns sempre estão de ronda, como nosso próprio sangue, porque têm em sua composição o propósito de trazer elementos para que nós possamos entender o caminho que percorremos e, consequentemente,  nos dá caminhos para nossa própria evolução, tanto física como mental. De todos os Orixás, Ogum representa sob meu ponto de vista claramente a palavra  altruísmo.
Há um estudo nos Estados Unidos que diz  que em  nosso corpo há uma estrutura que foi gerada para que possamos desenvolver o altruísmo- chama-se nervo vago. O psicólogo Dacher Keltner, diretor do Laboratório de Interações Sociais da Universidade da Califórnia, em Berkeley, investiga essas questões por vários ângulos e apresenta resultados maravilhosos: “O nervo vago é um feixe neural que se origina no topo da espinha dorsal. Ele estimula diferentes órgãos (como coração, pulmão, fígado e aparelho digestivo). Quando ativo, produz uma sensação de expansão confortável no tórax, como quando estamos emocionados com a bondade de alguém ... O neurocientista Stephen W. Porges, da Universidade de Illinois em Chicago, há tempos argumenta que essa região cerebral é o “nervo da compaixão”. Acredita-se que esse nervo estimule alguns músculos na cavidade vocal, permitindo a comunicação. Estudos recentes apontam que ele pode estar conectado à rede de receptores para a oxitocina, neurotransmissor relativo à confiança e aos laços maternais. Nossas pesquisas e as de outros cientistas indicam que a ativação dessa região está associada aos sentimentos de cuidado e intuição que humanos de diferentes grupos sociais têm. Pessoas com alta ativação dessa região cerebral são mais propensas a desenvolver compaixão, gratidão, amor e felicidade.”
Vejam, não quero teorizar sobre Orixás. Quero antes de tudo que possamos vê-los sob outros ângulos. A Umbanda nos permite, justamente por não termos dogmas, que sejamos livres pensadores, desde que observemos e vivenciemos esta religião com a certeza de que o que conseguimos captar é uma parte pequena da energia como um todo...
Um vórtice tocando a terra
Foi uma outra amiga que ao vir me contar um sonho hoje me ofereceu uma pista para eu complementar este texto. Disse-me que , em sonho, estava contando aos amigos que havia tido uma aula sobre o vórtice que orienta a energia de Yansã.  Infelizmente não chegou, em sonho, a explicar aos amigos qual era este vórtice. Um vórtice é um movimento espiral ao redor de um centro de rotação. Eles estão em todos os locais da natureza do átomo ao tornado, dos redemoinhos do que meus filhos dizem ser provocados por curupiras e sacis até o resultado de mexer o açúcar que está na xícara de café. Em meu ver Yansã também tem o mesmo aspecto solitário e reflexivo de Ogum, contudo sua missão é mais objetiva. Yansã cumpre a mudança de estado. São as frutas depositadas no leite que depois do vórtice causado pelo liquidificador se transformam em vitamina.
Ela é aquele túnel, que já ouvimos em  dezenas de relatos espíritas e em filmes que leva os desencarnados à luz de um outro plano, que nem sempre é o paraíso sonhado. Assim como foram pequenas frases que causaram o vórtice em minha mente para produzir este texto, assim também ocorre com os raios dos quais também é senhora, em comunhão com Xangô. É o clarão rápido que lhe traz o entendimento e que na hora, há de se ter o conhecimento para tal.
Estes dias assistindo um programa de música na tv à cabo, soube da história da cantora Melody Gardot. Ela estava viajando ,meio sem rumo, com uma amiga. Acabou a gasolina do carro e estavam totalmente sem dinheiro. Entraram, já sem saber o que fazer, em um restaurante para pedir ajuda. Melody se deparou com um piano e perguntou se poderia tocar. O dono do restaurante agradeceu aos céus por estar ela estar ali, pois o músico que tocaria aquela noite não poderia vir. Ela tocou e recebeu cem dólares. Aí foi o vórtice que atingiu este plano na vida dela, contudo se não estivesse preparada de nada serviria.
Outro exemplo vem de um grande médium:  em dezembro de 1913, tem uma visão enquanto viajava para visitar uma parente, em uma cidade próxima a Zurique: toda a Europa coberta por um mar de sangue, com milhares de cadáveres boiando, do norte até o sul. É uma imagem terrível que se repetiu como se fosse um sonho aterrorizante. Ele relatou os detalhes em seu livro de memórias, assinalando a necessidade premente que sentiu de compreender o sentido. De início, chegou a pensar que estivesse sofrendo de uma grave crise psíquica e que a visão talvez dissesse respeito a uma doença mental iminente. Só quando, pouco tempo depois, a Europa mergulhou na Primeira Guerra Mundial (1914- 1918) com seus incontáveis mortos e o profundo sofrimento para milhões, ele pôde compreender o sentido antecipatório de sua visão. E é neste ponto, onde descobre o que era a visão e o que fazer com ela, que o considero um grande médium. Seu nome é Carl Gustav Jung e chegou à conclusão de que as visões também se referiam a algo interno, uma profunda transformação interior. As mudanças interiores aconteciam paralelamente às dolorosas alterações da estrutura mundial. E isto é pressentido, não só por médiuns/cientistas como Jung, mas por cada um de nós. Entender o porquê se antevê as coisas e relacioná-las a algo interior é entender que tudo nesta vida, como tenho enfatizado, é “casado’ com tudo. É a mudança de pensamento que nos leva a uma nova condição de vida.
Como filha de Yansã vejo,não só em mim, mas em amigas sob a mesma influência Orixá a necessidade de estar sempre preparada e informada. Talvez porque os vórtices em nossas vidas sejam meio constantes. Sempre falo uma frase que é muito corriqueira: o caos antecede a criação da estrela. Neste ponto diverge de Ogum: Yansã não é uma professora, antes uma jornalista: ela passa os fatos e você os interpreta e utiliza da forma que tiver o entendimento para isto. Enquanto Ogum é o sangue em nossas veias ,Yansã é o átomo que lhe confere velocidade, é a transformação evolutiva. Quem muda nossos caminhos, nos passando de um plano para o outro é certamente Yansã. Contudo, Yansã é a energia que cumpre  a Lei Divina, que se assenta nas mãos de Xangô,portanto não é necessário  nem proveitoso ficar pedindo a ela mudanças constantes.
Ogum e Yansã são energias interdependentes, como ocorre com todos os Orixás. Não existe esta coisa de que são opostos. O Divino é perfeito. Basta-nos buscar conhecimento para entende-las e aplica-las.   Ogunhê ! Eparrey!

Sobre a bondade como desenvolvimento genético: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/a_ciencia_da_bondade.html

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Inteligência Oculta

Os cachorros daqui saem latindo como doidos. Pode apostar. Logo atrás deles vai o Índio. Curioso tem que saber o porque de tanto barulho. Índio é o nosso pampa, um cavalo  que tenho lá minhas dúvidas se realmente se acha um cavalo. Estes tempos atrás estava aqui na minha área comendo ração dos cães. Deu um certo trabalho tirá-lo daqui e não tem nada ver esta coisa de que cavalo não sobe escada. Aliás, aqui, além de dar bom dia ao cavalo, é necessário conversar de manhã com ele , senão as minhas rosas é que serão trágicamente exterminadas pela carência afetiva deste cão-eqüino.
Inteligência dos animais e sua percepção me espantam. Como das plantas também. Você já entrou numa mata? Há um silêncio absurdo dentro dela, entrecortado com sons de pássaros. Sempre peço licença pra entrar na mata, que às vezes se faz necessário porque o poço que abastece minha casa é bem no início dela.
 Tudo que pertence à Natureza, especificamente as matas e o reino animal têm a ação da energia  Orixá  Oxossi. Ele que é o conhecedor das ervas e o grande curador. É a essência da nossa vida. O dia escolhido pelos umbandistas para reverenciá-lo é dia 20 de janeiro.
Antes de falar de Oxóssi,gostaria de falar, por curiosidade ,de uma outra comemoração ocorrida no último domingo, dia 23 de janeiro, na religião judaica. Comemorou-se neste dia o Tu BiShvat, . Segundo o Talmud (livro da tradição), representa o Ano Novo das Árvores.
É o equivalente ao dia da árvore e, neste dia, todo judeu deve plantar ao menos uma árvore. O dia 15 de Shvat(mês do calendário judaico) é dedicado ao louvor à Terra (de Israel). O dia é de alegria, pois a terra começa a trazer o período de colheita, a produzir frutos e a exibir seu esplendor, que em Israel nesta época está quase se iniciando a primavera.
É uma tradição que ocorre em todo o mundo judaico. Neste dia algumas pessoas comem sete frutas (pelas sete espécies), outras quinze (por ser dia 15 de Shvat). Alguns comem as frutas como parte de uma refeição festiva, outros as comem separadamente. Há os que comem as sete espécies especificamente, e há os que comem frutas típicas de Israel. As frutas devem ser comidas frescas (para que possam ser abençoadas), mas podem também ser comidas assadas, secas ou açucaradas.
Como os umbandistas e os judeus, há muitas religiões que prestam sua reverência à natureza. Mas o que mais me espantou foi uma entrevista de um cientista chamado Stefano Mancuso, botânico e professor da Universidade de Florença.
Entre nós umbandistas é de conhecimento que as pessoas que estão sob a energia de  energia Oxóssi têm muita inteligência. E a própria energia Oxóssi têm a capacidade regenerativa da cura e a beleza da vida. Então leio o que este cientista escreve: "Se  se define inteligência como capacidade de resolver problemas, as plantas têm muito o que nos ensinar".
Nesta entrevista que vi, o professor/cientista diz que por muito tempo a humanidade não deu atenção às plantas  e há muito pouco tempo se chegou à conclusão que são organismos vivos (tendo como base a história da humanidade). Chegou a citar que no velho Testamento, ao se dirigir a Noé Deus havia dito para ele acolher em sua arca toda criatura que pudesse se mover. Porém, o sinal de que tudo já havia acabado e que Noé poderia descer em terra firme veio através de um pássaro que carregava um ramo em seu bico...
Enfim, na atualidade o cientista Stefano Mancuso desvenda o poder das plantas, que para meu espanto, ocupam atualmente 98% da biomassa de nosso planeta. Espantado também? Ele vai adiante falando que as plantas têm um cérebro, não com neurônios como o nosso, mas com um funcionamento muito parecido. Há alguns anos atrás, foi descoberto que, no ápice da raiz, há uma região chamada de zona de transição, consistindo de poucas centenas de células. Essas células têm um sistema que se assemelha a neuronal. Claro, não existem neurônios, nem têm a forma de neurônios, mas sua funcionalidade e modus operandi é o mesmo.
Isto tudo permite que as plantas se comuniquem entre si, se defendam entre muitas outras coisas.De fato, neste sentido, as plantas são muito mais sensíveis que os animais. Cada ápice da raiz pode ser detectar simultaneamente e continuamente  pelo menos quinze parâmetros químicos e físicos. É algo que os animais não podem fazer.
E aqui entra uma história interessante. As plantas têm a capacidade de alterar seu metabolismo, coisa que nenhum outro ser vivo é capaz de fazer. Têm a capacidade de se comunicar através de moléculas. Cita que em uma região da África, Botswana, havia uma quantidade muito grande de antílopes e poucos exemplares de acácias. Para se proteger do ataque destes predadores em quantidade enorme as plantas mudaram seu metabolismo e começaram a produzir tanino, um veneno muito forte que acabou matando os antílopes e ,lógicamente inibindo o extermínio das acácias. E o que é mais incrível da entrevista e o que nos faz pensar um pouco mais é quando se refere às frutas. As plantas fizeram com que o sabor de suas frutas ficasse cada vez mais apetitosa ao homem. Com isso a possibilidade de se expandir e perpetuar foi quase que inevitável. 
O fato é que as plantas têm uma forma diferente de inteligência que a nossa, tão diferente que não pudemos enxergá-la por séculos. Aproveitando o gancho desta descoberta peço um pouco de reflexão.  Quando se fala que a energia Oxóssi é a energia da cura é na verdade a capacidade de transformação de organismos e almas debilitados em organismos e almas mais fortes. Oxóssi é o lutador pela vida e portanto representa ela mesma. Em outro ponto o cientista fala que uma planta alimentada com uma solução salina a princípio têm um stress. Ela reage a este stress mudando seu metabolismo, coisa impossível aos animais e ao homem. Depois de um tempo recebendo uma solução salina a planta aguenta grandes quantidades de sal como se fosse acostumada a isto.
Temos momentos difíceis em nossas vidas. Momentos em que não sabemos se suportaremos determinadas pressões ou situações. Nestes momentos temos que descobrir a inteligência "oculta" que nossa alma possui. A capacidade de absorver, se adaptar e se regenerar. Oxóssi vem nos lembrar disto. Que há possibilidade de cura, que há possibilidade de vida melhor assim que superamos as "soluções salinas" que encontramos no meio de nossos caminhos.  Não é à toa que Oxóssi é relacionado à mata. 
Superados os problemas e com entendimento sua alma se fortalece, e à medida que você está mais forte é mais doce o paladar de seu conhecimento e assim, fica muito mais fácil ele ser absorvido e partilhado pelo seu próximo. Saravá Oxóssi!


Para ver a entrevista na íntegra sobre as plantas acesse: http://www.rtve.es/television/20101227/redes-raices-inteligencia-plantas/390278.shtml

Um blog excelente sobre plantas e seus poderes medicinais http://coisadeboticario.blogspot.com/

domingo, 16 de janeiro de 2011

Orixás e a Tragédia no Rio

Lembro-me vivamente da fisionomia do casal e seu pequeno filho, aterrorizados diante da afirmativa do Dyogo: Coelhos são para comer. Não se brinca com eles e nem se dá nomes. Comida é comida. Lógico, moramos em um sítio e uma vez em Roma seja romano. O casal e seu filho acostumados à vida selvagem que shoppings e lanchonetes podem proporcionar jamais sonhariam em receber tal resposta ao tentarem agradar os dois coelhos que estávamos criando.
O fato é que o Dyogo desde pequeno já viu matarem porcos ,coelhos,galinhas e para ele isso é normal, além de sinal de festa. Não há maldade nisto, apenas sobrevivência de uma certa forma. Hoje por exemplo foi um grande domingo: os filhotes de cachorro já têm mais de um mês então as crianças puderam nomeá-los e com isso fortalecê-los para que sobrevivam. É outras das coisas comum do pessoal dos matos.
Esta semana vários amigos me perguntaram se os Orixás estão brabos e por este motivo ocorreu a tragédia no Rio de Janeiro. Estaria Yansã incomodada com o comportamento humano? Ou Oxum abrindo seus leitos dos rios para afogar  os incautos ,como vingança? Ou ainda o barro teria sido despejado por Nanã a pedido de Xangô?Devemos fazer amalás pedindo perdão? Foram muitas e variadas perguntas. Vou copiar aqui um pequeno trecho do novo livro do pai Fernando que diz o seguinte sobre os Orixás: “No Terreiro do Pai Maneco nós cultuamos os seguintes Orixás que eu considero Cósmicos: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Iemanjá, Oxum e Iansã. Entendo como Orixá Cósmico aquele pedaço do espaço que tem uma atuação direta no nosso planeta irradiando por afinidade áreas especificas. Ogum sobre os metais, Oxossi sobre a Natureza, Xangô sobre as pedras, Iemanjá sobre o mar, Oxum sobre os rios e cachoeiras e Iansã sobre o vento e tempestades. Oxalá atua em todo o planeta através dos outros seis Orixás
Ora, são energias imanentes do Divino, pedaços do Todo para compreendermos melhor. São energias que nos regem há milênios ,embora levem outros nomes nas mais variadas religiões. Enquanto a humanidade entendia muito pouco do funcionamento da natureza, quando tudoera apenas um grande sítio, era normal atribuir aos deuses a prosperidade ou o caos. Hoje sabemos que o planeta está vivo e portanto a natureza se renova e se reconstrói. Um rio seguirá seu curso,mesmo que seja necessária força para isso. Ninguém impede o vento, nem a chuva de cair, mas há com certeza conhecimento para evitar tragédias. E se há uma forma de antever tais tragédias há de se presumir também que, o Divino em sua Infinita Sabedoria, nos deu condições intelectuais de nos preservarmos. Então fica claro que não é culpa de nenhum Orixá e sim da falta de planejamento.
Gostaria também de falar sobre amalás. Ao fazer uma oferenda a um Orixá estamos criando um campo de energia que através de nosso pedido fortalecerá alguém ou alguma situação. Aprendi com o Pai Fernando que se por exemplo projetarmos esta energia a algo muito grande , como por exemplo ,o combate às drogas, esta energia se dissipará. Se a focarmos ela surtirá um efeito melhor. Sugiro aos que querem fazer amalás que foquem nas pessoas que estão auxiliando, a um grupo específico, para que tenham cada vez mais força para ajudar a quem precisa. Ou a parentes e amigos envolvidos.
A grande manifestação de força da energia dos Orixás está sendo demonstrado nas pessoas que têm auxiliado exaustivamente. Voluntários e mais voluntários anônimos, verdadeiros heróis brasileiros. Albert Einstein falava: "A alegria de ver e entender é o mais perfeito dom da natureza." Estamos vendo e entendendo que o único meio de auxiliar é arregaçando as mangas. Seja por meio das doações e do controle de entrega das mesmas, seja pessoalmente no voluntariado mais que precioso, seja buscando cobrar políticas mais adequadas.
O Terreiro do Pai Maneco, aqui em Curitiba estará recebendo doações, de alimentos não perecíveis e material de higiene, de segunda a sexta, das 14 às 17 horas. O endereço é: estrada Nova de Colombo, número 5487, no bairro da Santa Cândida na cidade de Curitiba estado do Paraná. Fone: (41) 3356-7660. Gostaria que todos os Terreiros que estão em férias também se solidarizassem com os flagelados.

Coloquei hoje as tirinhas da Mafalda para que ,com bom humor, refletíssemos sobre nossa própria natureza. Gostaria também de deixar um recado para minha amiga Juliana Fideles: querida, a religião é uma forma de conversarmos com Deus, como numa espécie de rede social. Pode ser que ele não responda de pronto, mas tenha a certeza que todas as mensagens são lidas.

A citação do livro do Pai Fernando a que me referi está contida  
em http://www.paimaneco.org.br/filosofia/livro/grifos-e-recortes

Por fim gostaria de recomendar aqui  uma homenagem feita por meu amigo Francisco Vieira em seu blog às Yabás, muito bonito:

sábado, 15 de janeiro de 2011

SOS Rio de Janeiro - Convocação aos Médiuns de Umbanda e simpatizantes



O Terreiro do Pai Maneco convoca seus médiuns a ajudarem na campanha SOS Rio de Janeiro
O Terreiro do Pai Maneco estará de plantão neste sábado e na próxima semana, das 14:00 ás 17:00 horas para receber doações para atendimento dos nossos irmãos do Rio de Janeiro.
Pedimos a todos doações de alimentos não pereciveis e material de higiene.
O Terreiro do Pai Maneco está localizado no início da estrada Nova de Colombo, número 5487, no bairro da Santa Cândida na cidade de Curitiba estado do Paraná. Fone: (41) 3356-7660
Por favor copiem e enviem esta notícia por meio de suas redes de contato.




Fonte: http://www.paimaneco.org.br/

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Linhas de Umbanda

Férias. Aqueles que têm filhos em idade escolar sabem o que significa. E aqueles cujos filhos estão na pré-adolescência ou na adolescência, neste período, estão todos no meu caderninho de orações. Tenham calma que esta fase passa e vocês sobrevivem, como diria uma amiga minha, eu acho.  Aliás esta colocação: "eu acho" foi proibida pela Presidenta de nosso país.O Brasil é um país de adolescentes de várias idades, portanto creio que cada vez mais iremos escutar o dito "eu acho..."

A Umbanda é a única religião que conheço que tem férias. E são merecidas.O desgaste do corpo ,da mente e do espírito é inevitável.Mas ,mais do que repor energias, este período é propício para , ao se distanciar, rever alguns pontos. Você já parou para pensar qual é o ponto comum a todas as linhas?
Pai Fernando sempre fala que a linha dos Ciganos é uma linha que atende exclusivamente a família. Eu creio que eles são grandes protetores familiares, pois a estrutura e a conservação da cultura cigana se dá pela família. Conhecimento passado de geração a geração. Você não vê os idosos ciganos em asilos, muito menos crianças longe dos pais.A base de respeito por cada membro da composição familiar é algo digno de nossa admiração.
Os ciganos chegaram ao Brasil em 1574 e a primeira família a se estabelecer aqui, conforme constam registros, é a do cigano João Torres. Um neto de ciganos, anos mais tarde, construiu uma cidade referência em nossas vidas: Brasília. Juscelino Kubitschek , ao meu ver, deveria ter divulgado o amor dos ciganos pela família, tendo em vista que os brasileiros o amavam tanto. Creio que hoje a incidência de drogas seria muito menor.
O fato é que se os ciganos estavam aqui no início de nossa colonização, certamente dividiram sua cultura com povos também menosprezados pelo preconceito como os índios e os negros. Não consigo ver a Umbanda como religião de afrodescendentes. Umbanda é religião brasileira, feita por espíritos que iniciaram nossa colonização e que marcaram nossa cultura. Ainda vai levar um tempo para as pessoas deixarem de usar este termo.
Existem muitas linhas na Umbanda: a dos caboclos, dos baianos, dos ciganos, dos boiadeiros...Mas o que os liga? Em um primeiro momento poderíamos pensar que é justamente o preconceito do mundo dito civilizado que os uniu em uma religião. Só que é muito mais do que isto. A necessidade de exercer a liberdade plena, o respeito pela vida e a conseqüente alegria de viver estes grupos.
A beleza de olhar para um céu estrelado sem necessidade de julgar o mérito cada estrela é a tônica comum a estes grupos. Assim, cada médium que adota a Umbanda como religião se sente protegido, por estar em meio a espíritos que congregam a mesma liberdade de expressão. Não temos dogmas, não temos uma lista de pecados mortais, antes nos guiamos por pequenas palavras as quais englobam a responsabilidade de um verdadeiro umbandista: fé,amor e caridade. E estas palavras têm uma força descomunal, assim como a natureza que nos rege, quando aprendemos  a ter coragem, humildade e sabedoria frente às diferenças que nos unem. 
Talvez a maior magia que exista na Umbanda seja o convívio de diferentes culturas com o intuito de mostrar que a vida é nosso bem maior, que deve ser preservada e compartilhada da melhor forma possível. Enquanto escrevo este texto, meu amigo @poetavadio  me pergunta no twitter para que serve a mediunidade. Aproveito para responder que a mediunidade na Umbanda serve para demonstrarmos que, mesmo com as diferenças culturais entre as linhas que trabalhamos,mesmo com a diferença de rituais entre os terreiros, nós médiuns umbandistas trabalhamos para demonstrarmos que é possível construir um país livre baseados no amor ao próximo, na valorização da família e no respeito pela individualidade. A mediunidade na Umbanda é um instrumento poderoso não só na comunicação verbal, mas principalmente na comunhão de várias culturas diferentes.Na umbanda o idoso, a criança e o mais simples dos mortais têm em nós o canal de transmissão de todo seu conhecimento.Deste entendimento talvez venha a grande riqueza do povo brasileiro e a capacidade de crescermos cada vez mais. Desculpe Presidenta, eu acho. Saravá! 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Corpo Fechado

Corpo fechado. Antes de eu dar minha famosa receita de mega-proteção gostaria que atentassem para alguns fatos quanto à religião de uma forma geral. Há 10 milhões de anos atrás, aparece na terra o homem na forma de Australopitecus, a primeira forma autêntica de Homem e posterior aos Ramaphitecus, que foram os últimos homens-macacos. No começo, com uma vida similar a um animal alimentava-se de raízes, plantas e insetos.
Do convívio com outros homens cria uma comunicação mediante a linguagem e começa a se diferenciar dos outros animais.Criam-se tribos, amplia-se sua base social e se desenvolve a observação da natureza, começa a pensar em diversas situações que acontecem, tais como os sonhos, os fenômenos atmosféricos, o nascimento de uma nova vida, as doenças e a morte.
As práticas religiosas são uma fase recente dentro da evolução do Homem. Digamos que anterior a 200 mil anos o Homem careceu de todo sentimento religioso. A religião existe, mas ainda o Homem na sua ignorância não tem consciência dela.A resposta a essas suas preocupações há de estar em um ser superior que não habita em sua comunidade.O Homem sente a necessidade de um Deus como um meio de atingir a imortalidade. A existência de um Deus é de interesse pessoal do Homem usando-o como seu protetor e para lhe garantir sua ressurreição e vida eterna.
A própria palavra religião só existiu no contexto cultural europeu,  marcado pela presença do cristianismo que se apropriou do termo latino religio. Em outras civilizações não existe uma palavra equivalente. O hinduísmo antigo utilizava a palavra rita que apontava para a ordem cósmica do mundo, com a qual todos os seres deveriam estar harmonizados e que também se referia à correta execução dos ritos pelos brâmanes. Mais tarde, o termo foi substituído por dharma, termo que atualmente é também usado pelo budismo e que exprime a idéia de uma lei divina e eterna. Rita relaciona-se também com a primeira manifestação humana de um sentimento religioso, a qual surgiu nos períodos Paleolítico e Neolítico, e que se expressava por um vínculo com a Terra e com a Natureza, os ciclos e a fertilidade.
O fato é que a civilização, nossos antepassados mais longínquos e nossos sucessores que nem ainda sonhamos ter em algum momento procuraram ou irão procurar pela proteção Divina onde entenderem que ela está. De fato, somos tão frágeis com nossa perene estada neste mundo e neste tempo que nada mais justo do que procurarmos proteção segura e infalível.
Gosto de patuás. Porque com eles eu digo ao mundo que amo minha vida e vou buscar proteção para continuar por aqui.Essa é minha leitura pessoal.Contudo, não quero um corpo fechado.Vou ser bem sincera: ano passado enfrentei algumas demandas brabas. E como sou feliz por ter passado por isto tudo. Na hora, no momento que se vive um conflito é bem difícil.Mas passa e com isto tudo saí fortalecida.Como também vocês devem ter passado por momentos assim.
Um corpo fechado aos males do mundo só se faz com uma mente aberta.Não há outra fórmula.Esteja pronto ao que vier, quando vier.Não sofra por antecipação, mas antes aprenda a rir de seus erros.A vida é um grande circo, pois temos que ser malabaristas, engolidores de fogo e palhaços. 
Num destes programas de televisão na linha de humor, um dos integrantes certa vez falou: "Palco de pobre é terreiro de umbanda".Antes de ser preconceituoso é verdadeiro, no meu entender.Os pobres de esperança, de amor e de fé vão aos terreiros de Umbanda em busca de enriquecimento de seus sentimentos.E se tiverem entendimento, sairão deste palco divino mais ricos.
Hoje coloquei um vídeo para assistirem. Todas vezes que vejo me emociono.Gostaria que prestassem atenção aos detalhes. No início o primeiro som é o de pássaros e as primeiras frases escritas dizem o seguinte:Se você não tem voz:GRITE; Se não tem pernas:CORRA; Se não tem esperança:INVENTE.
Como filha de Deus, em busca de seus passos, hoje creio que entendo um pouquinho Dele. Ele ama e protege os que têm coragem,os que têm riso fácil e os que sabem que são apenas um grão de areia no meio da eternidade.Alegria do Cirque Du Soleil para mim, em uma visão simbólica bem forte, é uma gira de Umbanda, a gira da própria vida.
Se você quer fazer caridade, apesar das nuvens seja o Sol. Se você quer ter fé,acredite no amanhecer de um novo tempo, acredite em seu potencial. Se você quer dar amor ao próximo, olhe nos olhos dele e sorria! Sua mente aberta será sempre seu maior trunfo!Saravá!

Aqui vai a tradução da música:

Alegria

Alegria
Como um raio de vida
Alegria
Como um louco a gritar
Alegria
De um delituoso grito
De uma triste pena, serena
Como uma raiva de amar
Alegria
Como uma explosão de júbilo


Alegria
Eu vi uma faísca da vida brilhando
Alegria
Eu ouço um jovem menestrel cantando
Alegria
O grito bonito
Um rugir de sofrimento e de felicidade
Tão extremo... Um amor furioso dentro de mim,
Alegria
Um feliz e mágico sentimento.


Alegria
Como um raio de vida
Alegria
Como um palhaço a gritar
Alegria
De um delituoso grito
De uma triste pena, serena
Como uma fúria de amar
Alegria
Como um assalto de felicidade
De um delituoso grito
De uma triste pena, serena
Como uma fúria de amar
Alegria
Como um assalto de felicidade

Alegria
Como a luz da vida
Alegria
Como um palhaço que grita
Alegria
De um estupendo grito
De uma tristeza louca,
Serena
Como uma raiva de amar
Alegria
Como um assalto de felicidade

De um estupendo grito
De uma tristeza louca
Serena
Como uma raiva de amar
Alegria
Como um assalto de felicidade

Tão extremo Um amor furioso em mim
Alegria
Um feliz e mágico sentimentos

domingo, 2 de janeiro de 2011

Estruturando 2011

Um dos maiores aprendizados que tenho com meu pai ,desde pequena, é sem dúvida prestar atenção em tudo. Tenho 43 anos e quando pequena  já ouvia ele falar sobre segurança. Prestar atenção antes de entrar em casa era uma prática bem comum. Lembro que certa vez meu pai achou estranha a presença de um rapaz que andava de muletas lá perto de casa. Chamou a polícia e o policial dizia que o pobre incapacitado não tinha condições de fazer mal a ninguém. Então, numa averiguação o coitadinho tinha uma ficha criminal duas vezes maior que sua altura e era de alta periculosidade.
Nem tudo é o que parece ser neste mundo. Estar atento não é estar desconfiado o tempo todo. Atenção faz com que nossos sentidos avancem cada vez mais, como se fossem antenas capazes de captar o menor movimento.É como respirar, com o tempo nem se nota. Ter atenção para a própria preservação é vibrar de forma positiva e nos permite não só expulsar e repelir os invasores como saber saudar as boas energias.
Quando se desenvolve a mediunidade, me desculpem os iniciantes, você não se transforma em um ser com poderes fenomenais. Você aprende a fazer uma leitura dos seus sentimentos de uma forma mais clara e definida. Não vai acertar cem por cento, mas chegará a uma porcentagem razoável, se for bem aplicado.
Vou dizer que serás mais feliz se não se meter a "rabequista". A expressão é antiga, mas encerra uma grande verdade quanto a mediunidade. Não invente, não se 'alugue' e não vá ajudar a quem não te pede ajuda. Princípio básico para ser feliz com sua mediunidade e com você mesmo.
Minha avó materna e uma sobrinha dela iam toda segunda-feira acender velas no cemitério. Um dia ,em um túmulo de uma parente a sobrinha de minha avó estava se lamentando pois havia prometido à falecida um presente e não teve tempo de cumprir. Passados alguns minutos ela começa a gritar para a minha avó desesperadamente ,pois o espírito da falecida estava puxando sua perna. O espírito da falecida devia estar é rindo, pois a meia de nylon usada pela sobrinha de consciência pesada, havia se enroscado em outro túmulo.
É engraçado rir de assombrações onde elas não existem, mas o que eu acho perigoso é ver salvadores em lugares em que eles não estão. 
Não se preocupe com os mortos, mas fique sempre alerta aos vivos. Trace parâmetros de segurança e felicidade na sua vida. A caridade real começa por nosso modo de viver. Tudo que cerceie sua liberdade de expressão ou que de alguma forma de inferiorize ou te eleve acima dos outros não é bom.Tem gente que só acredita em livre arbítrio e tem gente que só acredita em destino.Ninguém é detentor da verdade, antes buscamos sinais de que um ou outro norteia nossas vidas.
Acredito que estejamos todos em casulos, nos alimentando do que vemos através de um fino véu que nos recobre. Esse véu são nossas vaidades e todas aquelas coisas que nos impedem de nos movimentar. Faço aqui mais um pedido para 2011: que cada um saiba rasgar seus véus e alçar o vôo necessário para sua própria felicidade.

A foto pertence a Nely Rosa e foi cedida generosamente para ilustrar este texto.