quinta-feira, 6 de março de 2014

Focando na Fé

Aprender é algo que me fascina, me alimenta e mata minha sede constante. Sobre Umbanda
então, nem se fala. Ok, sou apaixonada pelo tema mesmo! Há muito o que se aprender, embora seja simples sua concepção. O que agride meu aprendizado, como tenho visto que acontece a muitos também, é a banalização cometida por Umbandistas. Não sei exatamente onde isto tudo começou, porque , no começo, havia bem mais Umbandistas dispostos a manter a fé, apesar de todos os percalços que eram muito maiores do que enfrentamos hoje.
O que a Umbanda enfrenta hoje é um dragão que vive nas sombras de seus adeptos. Ele tem um nome e sobrenome: praticar o politicamente correto. Acreditar no Cristo é uma opção válida, praticar o cristianismo dentro dos rituais católicos é para católicos. Umbanda não é católica, embora possa ser considerada cristã. Vejo , sinceramente, Umbandistas adotando rituais católicos talvez com medo de assumir completamente a religião que professam com medo de aceitação. Será, penso eu, que tudo que nossos antepassados sofreram na religião, que abriram seus terreiros clandestinamente, enfrentaram polícia e todo preconceito possível em amor às entidades foi em vão? 
Eu não sou católica, nem evangélica ,nem budista. Eu sou Umbandista. Gosto da manipulação das ervas, do fogo, da água, da energia que nos cerca. Gosto também de evolução, mas evoluir não é adaptar ao que todo mundo crê ser politicamente correto e aceito. Se minha mãe estivesse viva diria o que digo aos meus filhos: você não é todo mundo.
Religião não é algo racional ela trabalha com fé. Para se manter a fé usamos de rituais, em qualquer religião. Cremos no invisível, nos conectamos à Consciência Superior e Ela, por sua vez, se comunica conosco por sinais que só nós conseguimos decifrar. Sonhamos com Caboclos, Pretos e Pretas, Ciganos, Exus e Pombas Giras, em nosso decodificador de mensagens astrais não há espaço para elementos de outras fés. 
Reza a lenda que um famoso escritor conseguiu sucesso por acender uma vela em cada religião, pedir a benção e proteção a cada religioso importante de cada fé diferente. Não sei dizer se isto é o mais correto - até porque a história pessoal dele ainda não acabou- mas no meu caminho não serve.
Estes dias uma pessoa nos pediu para dar uma carona até uma "benzedeira" evangélica. Tudo o que aquela mulher falava ,me lembrava as falsas cartomantes que aproveitam o que você fala para "adivinhar o futuro". Falei para a pessoa manter o foco em sua fé e não nos aproveitadores da religião. Quanto mais firme nos propósitos, menos erros se comete. 
Tem uma frase que gosto muito: "Algumas pessoas acham que foco significa dizer sim para a coisa em que você irá se focar. Mas não é nada disso. Significa dizer não às centenas de outras boas idéias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente."  Foi dita pelo Steve Jobs, um cara que se atreveu a ser determinado num mundo tão cheio de opções. Na religião é bem isto: temos muitas opções de ritual, muitas mesmo. Pra quê agregar outros rituais que não fazem parte de nossa história?
Somos seres ritualísticos e não há como ser diferente. Umbandista se conecta com o Superior através de cheiros, sons,cores, movimentos. A Umbanda é simples  e esta simplicidade da manipulação dos elementos me parece que é pouco para alguns, porisso a necessidade de "incrementar" com coisas que não nos pertencem. E cito de novo o Steve Jobs, que teia sido um grande Umbandista se vivesse por aqui: "Este tem sido um de meus mantras - foco e simplicidade. O simples pode ser mais difícil do que o complexo: é preciso trabalhar duro para limpar seus pensamentos de forma a torná-los simples. Mas no final vale a pena, porque, quando chegamos lá, podemos mover montanhas."
O problema é que não temos tempo. Poucos pais e mães de santo sentam com a corrente para compartilhar conhecimentos sobre ervas e elementos, entidades e Orixás. É mais fácil mandar um filho de corrente para o psicólogo do que sentar e olhar olho no olho, e perceber o que realmente aquele ser precisa.
Não Umbandistas, não estamos na quaresma. Quem está na quaresma são os católicos! O grande perigo disto tudo é perdermos nossa identidade e foco. Podem me chamar de tradicionalista, mas como diria mamãe: eu não sou todo mundo. Politicamente correto é ter identidade. Quanto mais firme estivermos em nossa concepção ritualística, mais firmes estaremos em nossa fé. Focados em nossa fé, refletiremos a Luz Divina onde os ventos de Yansã nos levar. Pise neste caminho de Ogum com respeito! Saravá a nossa fé!


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